A TROCA

SANT'ANGELINA

Tudo bem que Clint Eastwood foi pego meio de surpresa para dirigir A Troca. O diretor pegou o bonde andando, mas não envergonhou ninguém e honrou a claquete que bate. Ron Howard, antes escalado para a função, descartou a possibilidade de dar continuidade à direção devido a problemas de compatibilidade com sua agenda. Que sorte (talvez)! Clint, que já dirigiu filmes consistentes e densos como Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro, soube sabiamente encaminhar com seu estilo a trama de A Troca.

Los Angeles, Califórnia, 1928. Christina Collins, interpretada por Angelina Jolie, vive um conflito ao se deparar com o desaparecimento do seu estimado filho Walter (Gattlin Griffith). Algum tempo se passa e após insistentes pedidos de investigação de uma mãe aflita, a polícia entrega para ela uma criança estranha e insiste que seja reconhecida como o seu filho desaparecido. O que seria mais triste? Não encontrar o filho, ou ser coagida a assumir uma falsa maternidade e colaborar para firmar a corrupção policial? Nesta perspectiva se desenrola a trama de um filme pra lá de curioso.

Os poucos personagens bem amarrados à trama não deixam dúvidas do bom roteiro desenvolvido por J. Michael Straczynski. Angelina Jolie mostra a que veio e se doa verdadeiramente à personagem Christina Collins, e digo por conta e risco, sem retrucar, que este é o trabalho mais maduro de sua carreira, numa interpretação digna de Oscar. A Troca concorre ao Oscar 2009 em 3 categorias: além de Melhor Atriz (Angelina Jolie), Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Decerto não poderia afirmar que Angelina receberá a estatueta na noite do dia 22 de fevereiro, mas nada me impede de arriscar que as suas chances são inúmeras, uma vez que aqui se revela uma atriz competente e sem rótulos. A densidade e tensão desta narrativa baseada em fatos reais deixam qualquer mortal sem fôlego, emocionado e comovido. Sem essas peculiaridades, o filme, com certeza, seria até um pouco enfadonho. O longa ainda conta com o talento do grande ator John Malkovich, interpretando o Reverendo Gustav Briegleb. A Troca, em suma, é um filme consistente com uma direção bem sucedida e interpretações fortes. Simplesmente indispensável.