CLUBE DE COMPRAS DALLAS


UMA QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

30 dias. Ao descobrir que tem o vírus HIV, esse é o tempo que resta de vida para o senhor Ron Woodroof (Matthew McConaughey / ‘Magic Mike’ e ‘Como perder um homem em 10 dias’) – um eletricista/cowboy durão, cheio de preconceitos, mas que sempre soube enfrentar seus problemas de forma esperta, mesmo que essa forma esperta seja ilegal.

Clube de Compras Dallas é um drama que retrata o preconceito com os portadores do vírus HIV na década de 80 e a indústria farmacêutica bem no começo da epidemia, quando a doença ainda era muito ligada à homossexualidade.

Baseado numa história real, Woodroof, heterossexual, ao lutar pela sua sobrevivência – ‘se virando’ como sempre fez, começa a pesquisar e experimentar outros tipos de drogas que não são comercializadas nos EUA. Percebendo que funcionam melhor do que as testadas e impostas pela legislação norte-americana, ele aí encontra um nicho de mercado promissor para ganhar dinheiro e, trabalhando com o travesti, também com HIV, Rayon (Jared Leto / ‘Clube da Luta’, ‘O senhor das armas’ e vocalista da banda 30 seconds to Mars) começa a contrabandear e vender remédios. Meio que involutariamente torna-se um ativista, mesmo sem nunca demonstrar seu lado humano, frágil ou carinhoso – se é que existe.

Matthew McConaughey provou que realmente está compromissado com papéis viscerais e emagreceu mais de 20 quilos para viver o personagem. Mesmo achando essa fórmula de chamar a atenção com mudanças profundas no corpo cansativa, Matthew consegue realmente ser Woodroof. Convence, mas acho que não leva o Oscar de melhor ator. A atriz Jennifer Garner (‘Elektra’) interpreta a Dr. Eve Saks sem grande destaque e Jared Leto concorre ao Oscar de Melhor ator coadjuvante – torcendo por ele.

A direção de Jean-Marc Vallée deixa o filme, às vezes, numa mesmice e com cenas que poderiam ser, sem dúvida, eliminadas. Este é o único ponto fraco do filme. Com seus personagens o tempo todo à beira do abismo, Clube de Compras Dallas é uma história interessante e necessária para os tempos atuais de ‘despreocupação’ com o vírus HIV. Vale ressaltar que a cura para esta doença ainda não existe e que, apesar do controle com remédios, a AIDS mata.   


Ron Woodroof morreu em 1992 no Texas.
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ALL YOU NEED IS LOVE


MEINE SCHWIEGERTOCHTER IST EIN MANN
Aí no título é o título oficial do filme e quer dizer: ‘Minha filha é um homem’. Exagero.
Hans (Andreas Helgi Schmid) vai estudar na capital Berlim e comunica à sua mãe por carta que vai se casar com Nick (Manuel Witting) e quer que o casamento aconteça na cidadezinha do interior em que viveu. Ela, empolgada, prepara tudo, comunica a todos e se decepciona quando descobre que Nick não é uma mulher – seu filho é gay e vai se casar com um homem - motivo para a cidade inteira ficar chocada, provocando várias brigas e discussões familiares que são levadas até a conclusão da história.
O filme é uma divertida comédia clichê, ótimo para quem está sem nada para fazer e quer ter apenas um momento de descontração. All you need is love (2009) é a repetição da história do preconceito e ignorância em pequenas cidades do interior que, muitos devem acreditar, que não existe em países desenvolvidos. Mas, infelizmente, ainda existe.
Um filme leve onde quem se destaca mais é a mãezona, assim como na maioria dos casos reais. Saskia Vester é uma atriz mega experiente e está ótima no papel.

Confiram o trailer e bom filme!


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PHILOMENA


FAILOMINA

Filmes baseados em fatos reais já ganham o meu respeito só por serem baseados em fatos reais; mesmo porque uma história não viraria roteiro de cinema se não fosse bom. Meio road movie que me lembrou um pouco ‘Cartas para Julieta’, Philomena conta a história de uma senhora que 50 anos depois de ter seu filho vendido por freiras irlandesas, decide procurá-lo com a ajuda de um jornalista insensível e rude.

Apesar de Philomena ser um drama, o filme não é um filme de chorar. O diretor Stephen Frears (A Rainha) soube conduzir a história, passeando por diversos temas polêmicos sem aprofundamentos e deixando o julgamento para o espectador. E funciona! O foco principal do filme deixa de ser a busca pelo filho e passa a ser a relação tortuosa e engraçada entre uma senhorinha ingênua e o jornalista cheio de interesses pessoais/jornalísticos no fato. Com interesses e opiniões sempre distintas, o longa é uma divertida história de visões opostas e aprendizado.

O filme fala superficialmente sobre a homossexualidade, além de mostrar o poder e a frieza da igreja católica nos anos 50. Philomena é interpretada docemente por Judy Dench (007 - Operação Skyfal) e o jornalista Martin é interpretado por Steve Coogan que também é produtor e um dos roteiritas do filme. Judy Dench concorre ao Oscar de melhor atriz numa disputa acirradíssima e, por isso, não me arrisco a dizer que está ganho. Mas estou torcendo muito por ela.
Vejam Philomena. A emoção deve ficar em você e os questionamentos devem ir para o mundo.
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CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO



APAIXONANTE

Divertidíssimo, Café da manhã em Plutão é um belo e leve filme sobre a homossexualidade e o travestismo. Um filme rico e encantador que, com certeza encanta o público gay e, por que não dizer, o público heterossexual também – até mesmo os que são contra aos estereótipos e coisa e tal.

Patrick é fruto de um relacionamento entre um padre e uma doméstica. Sua mãe, sem condições de criá-lo, deixa-o na porta da casa do padre que entrega o menino para outra família. À medida que vai crescendo, Patrick usa os vestidos e acessórios de sua mãe adotiva e sua homossexualidade vai ficando cada vez mais aparente. Logo, a pequena cidade do interior da Irlanda vai ficando insuportável para o garoto, que ao ser expulso de casa não tem para onde ir e decide sair da cidadezinha – fato que ocorre com muitos homossexuais ainda hoje.

Patrick sai em busca de sua mãe, cuja única pista que tem é saber que ela foi ‘engolida por Londres’ e, ao mesmo tempo em que procura pela Dama Fantasma (mais um apelido dado à sua mãe), Patrick está em busca de si mesmo; de sua identidade, sendo que nesse caminho encontra várias figuras e paixões que vão enriquecendo sua vida rica e vazia. O final é diferente, mas bem simbólico. É a vida.

O que falar da interpretação de Cillian Murphy no papel principal? Digna de Oscar. O garoto convence num Patrick/Patrícia apaixonante, doce, delicado e inocente. Para Patrick tudo é cor de rosa – o que deixa o personagem super carismático e encantador. Diria que é a Amélie Poulain gay... Um fofo!

Café da manhã em Plutão tem duas horas de filme contadas em forma de capítulos com passarinhos falantes..., assim como no livro de Patrick McCabe em que o filme foi baseado. Direção de arte que nos apresenta muito bem os anos 60/70, atuações ótimas, roteiro sem falhas e a trilha magnífica do diretor Neil Jordan e sua filha, Anna Jordan. A trilha embala cada momento e os torna mais especiais. Encantadíssimo com o filme. Uma obra-prima.
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A LEI DO DESEJO



Um filme de Almodóvar. Com isso, a gente já pode concluir que é um trabalho extraordinário; e é. Não somente por seus efeitos de câmera, iluminação ou qualquer outro elemento técnico à frente do tempo. Os filmes de Almodóvar tornam-se extraordinários e verdadeiras obras-primas pelos temas que o mesmo costuma expor. A Lei do Desejo foi filmado em 1987 e é capaz de alguns diretores até hoje não terem a coragem de montar sequências e falar de alguns temas que tal filme aborda.

A Lei do Desejo começa com cenas sensuais, onde o diretor de cinema (talvez até entre um pouco do diretor no personagem) Pablo pede ao ator que faça gestos sexuais. A partir daí a trama vai fluindo e nos apresentando os personagens e seus dramas psicológicos densos.

Pablo (Eusebio Poncela), homossexual, tem um irmão transexuado que teve um caso com o pai. Tina (Carmen Maura) era Tino – uma atriz meio decadente e que ganha um papel do seu irmão para um novo filme. Pablo vive um grande amor à distância, mas acaba se envolvendo com Antonio, interpretado por Antonio Banderas – ainda bem novinho.

Possessivo e em sua primeira relação homossexual (ainda dentro do armário), Antonio cria uma psicose por Pablo. O desejo passa a ser uma doença, tornando os acontecimentos densos, meio loucos, nos levando para dentro do ‘dramalhão almodovariano’ e para um final inesperado.

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A BUSCA



Primeiro filme do diretor Luciano Moura, A Busca é um drama familiar que tem Wagner Moura provando, mais uma vez, que é o melhor ator do cinema brasileiro atualmente. Com sua simplicidade e flexibilidade, a sua atuação vale o ingresso do cinema.

No filme, Theo (Wagner Moura) vive uma recente separação de Mariana Lima (Branca) com a qual tem um filho que não conversa – Pedro (Brás Antunes). Pedro, que tem tudo que um garoto gostaria de ter, resolve fugir de casa no dia do seu aniversário num cavalo preto. Desesperado, Theo pega o seu carro com gasolina infinita e vai em busca de pistas sobre o seu filho, atravessando dois estados, conhecendo pessoas e vivendo situações inusitadas que vai fazendo com que ele valorize o seu lado paterno. 

Esse road movie, às vezes meio perdido, tem cenas que poderiam ser facilmente excluídas e coadjuvantes ricos, mas pouco aproveitados. A montagem falha nesse aspecto e o roteiro ganha pontos ao fazer algo que poucas vezes acontece; ele diz muita coisa até em cenas sem diálogos. Nada é muito dito ou exposto. Isso é interessante.

O final, que alguns podem já imaginar, promete ser o ápice da emoção com um encontro entre Wagner Moura e Lima Duarte, mas não é. Para mim, o que falta em A Busca foi realmente assumir uma carga dramática maior, mas de qualquer forma é um bom filme nacional que merece ser visto. 
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AMOR



Pela primeira vez vou fazer isso aqui. Recomendar um filme que não consegui terminar de assistir. Desculpa, mas ainda não evolui o bastante para lidar com os dramas que Amor aborda. Dei pause e entrei em prantos.

Feito para sentir, Amor é um filme necessário. Vejam. Vejam mesmo. 

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SHORTBUS




SEM PUDOR. SEM VULGARIDADES.

As primeiras cenas de sexo explícito chocam até os mais ‘mente-aberta’. Claro que fiquei chocado pela surpresa que isso me causou logo nos minutos iniciais me fazendo crer que iria assistir a um filme pornô. Engano meu. Apesar desse início surpreendente, Shortbus vai apresentando os personagens, conflitos e ganha o espectador que vai se envolvendo com a história de cada um.

Um casal de homens gays James e Jamie (Dawson e PJ DeBoy - namorados na vida real) está em crise e à procura de um terceiro para esta relação. Decidem então procurar a terapeuta sexual Sofia (Lee Sook-Yin) – ou como ela prefere dizer, terapeuta de casais para solucionar este caso, mas encontram uma terapeuta abalada emocionalmente por nunca ter conseguido um orgasmo na vida. James e Jamie então a convencem a visitar o Shortbus – espécie de boate em Nova York onde sexo é ordem. Não sei bem do que chamar, mas é uma loucura organizada de pegação geral. Os personagens vão se encontrando com outros tantos personagens exóticos neste clube de fetiches e mostrando suas fragilidades durante a sequência, tornando o ambiente triste, engraçado e, às vezes, até melancólico.

Com roteiro e direção de John Cameron Mitchell, o filme proporciona bons momentos de entretenimento. Tem uma trilha condizente e maravilhosa, roteiro envolvente onde os próprios atores contribuíram para a construção dos personagens com características e diálogos improvisados, deixando-os divertidos e naturais.

Shortbus mostra diversos belos corpos nus, mas apesar disso você não vai querer (creio eu, né?) se masturbar depois de ver o filme. É interessante e engraçado. Apesar de ter muito, não é um filme de sexo por sexo.

Comédia? Pornô? Drama? Não importa. O que mais gosto em Shortbus é a coragem para mostrar e tratar do assunto ‘sexo’ sem medo e sem pudor. Afinal, sexo é apenas sexo. Vulgar é não tratar do assunto com naturalidade. Concorda?

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MENINOS NÃO CHORAM



TODOS CHORAM

Um filme que não foi feito para entreter. Foi feito para chocar e comprovar o talento da atriz Hilary Swank. Baseado em uma história real, a diretora e roteirista Kimberly Peirce teve muita sensibilidade para contar esse denso drama - mostrou o lado doce e romântico quando precisava ser doce e o lado agressivo e irracional quando precisava assim ser.

Teena Brandon (Hilary Swank) é uma garota que está ‘confusa’ sexualmente, se mete em um monte de encrencas em Nebraska e acaba se mudando para uma cidade do interior dos Estados Unidos – onde decide realmente viver como homem. Voz grossa, cabelo curto e seios amassados por panos, ela é aceita por um grupo de pessoas que acham que ela é realmente um garoto. Começa a ser chamada de Brandon e se apaixona pela bela Lana (Chlöe Sevigny) até que a família e amigos da sua amada descobrem a sua verdadeira identidade. A partir daí cenas chocantes, onde Teena é abusada e discriminada até ser brutalmente assassinada pelos próprios ‘amigos’. Choque.

Hilary também fez o emocionante ‘Menina de Ouro’(2004), mas já tinha provado ser uma grande atriz em Meninos não choram, onde ela não é ela, entende? Ela é Brandon. O filme não tem novidades nem segredos em planos de câmera, efeitos ou coisa parecida. Todo o mérito vai para o incrível trabalho que atriz e diretora fizeram para construir este longa.

Acontecido há quase 20 anos, a história de Teena ainda é considerada atual e o filme é um registro necessário deste caso que merece ser visto e repassado para mostrar que a morte de Teena não foi em vão; que o amor nunca é em vão.
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GONZAGA - DE PAI PRA FILHO



VER, OUVIR E SE EMOCIONAR

Amo filmes que envolvem música, ainda mais quando se une com uma história rica e fantástica de um homem brilhante como Luiz Gonzaga - (Comecei logo com um monte de adjetivos – rs). Roteiro de Patrícia Andrade e direção de Breno Silveira – a mesma dupla do elogiadíssimo Dois filhos de Francisco, Gonzaga – de pai pra filho é mais que uma cinebiografia sobre o Rei do Baião. O filme conta a conturbada relação entre Luiz Gonzaga e seu filho Gonzaguinha.

Tudo começa a partir de uma gravação real onde Gonzaguinha entrevista seu pai e o mesmo começa a contar toda a sua história – um acerto de contas até então nunca divulgado. Luiz Gonzaga é filho de sanfoneiro e apaixonado pela filha de um coronel; um amor impossível e, para manter-se vivo foge de Exu (sua cidadezinha) e alista-se no exército por onde fica por mais de 10 anos – ia para as revoluções, mas nunca deu um tiro sequer. Curiosidades como essas são desvendadas através de cenas bem encaixadas, fotos e vídeos reais numa narrativa compassada e bem humorada do protagonista.

Quando Gongaza redescobre a música, ele começa a tocar valsas e tangos pelas ruas do Rio de Janeiro com sua sanfona para sobreviver até perceber que o povo queria algo diferente; mais animado. É aí que ele volta às suas origens nordestinas, começa a fazer sucesso, se casa, tem um filho e fica viúvo. Sempre com a agenda lotada de compromissos, Gonzagão quase não vê o filho que vai crescendo revoltado num subúrbio carioca na casa dos amigos de seu pai. Tudo é mostrado de forma muito didática, só fica mesmo a dúvida se houve traição ou não por parte da mãe de seu filho. É daí que surge o drama familiar – não se sabe se Gonzaguinha é realmente filho carnal de Luiz Gonzaga.

O elenco, em sua maioria amadores, dão show de naturalidade, deixando a história mais convincente. A fotografia e a direção de arte apresentam muito bem as diferentes épocas pelos quais passa a sequência. Aliás, fotografia em filme de sertão é quase sempre espetacular, hein?

Mostrando como o Nordeste encanta e sensibiliza o Brasil, este filme é cheio de histórias e surpresas que você nem sente o tempo passar. A exemplo de Abril despedaçado e O Auto da Compadecida, os meus filmes nacionais prediletos acontecem neste lindo e sofrível cenário sertanejo. Gonzaga é uma bela homenagem necessária que precisa ser vista em tela grande para acompanhar a grandeza do personagem. Saí da sala de cinema cantando e muito feliz. Gonzaga – de pai pra filho é para chorar ‘de emoções’ e entrou para a minha lista de filmes favoritos.

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DOIS COELHOS




FODACIONAL

O único fato que me incomoda neste filme é não ter descoberto ele antes. Nacional e com toques hollywoodianos, só o assisti há pouco tempo e, conversando com uns amigos, pude perceber que muita gente ainda, infelizmente, nem sabe que o filme existe.

Edgar (Fernando Alves Pinto) tem um plano. O nosso anti-herói (um cidadão comum) tem o plano de pegar assassinos e corruptos numa cajadada só. Após passar uma temporada em Miami, Edgar assim como a maioria de nós brasileiros, cansou da impunidade em nosso país e decide fazer algo de bom com a sua inteligência.

Claramente inspirado em filmes de Tarantino, Afonso Poyart fez um belo trabalho em seu longa metragem de estreia. Além de diretor é também o responsável pelo magnífico roteiro do filme, cheio de explosões, tiros e bom humor. De nomes famosos do grande público, apenas Alessandra Negrini, Taíde e Caco Ciocler completam o elenco que está super afinado e não deixa nada a desejar - às vezes dá até a impressão de que não existe texto, que é tudo no improviso. Também não poderia deixar de citar os excelentes grafismos e trilha sonora que dão o tom jovial-urbano de um vídeo clipe que a trama brinca.

Dois Coelhos é literalmente uma surpresa foda. Com ritmo ultraveloz não-linear, a sequência exige a mesma velocidade do espectador para as reviravoltas do mundo do crime e da corrupção. Para todos os públicos, um filme que merece ser visto e elogiado; para aqueles que ficam tentando adivinhar final de filme, uma pegadinha - se seu plano é esse... hahaha.

Desista e se deixe levar pela narrativa!Definitivamente, entrou fácil para a minha lista de filmes favoritos.
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MIB 3



Muito marketing para pouco filme (olha eu aqui falando mal da minha profissão...rs). Mais de 10 anos depois do primeiro filme, MIB 3 vem simplesmente para arrecadar grana e, por isso, não poderia nem pensar em ser um fracasso de bilheteria.

Com o roteiro descompromissado, mas que agrada seu público, Will Smith vive mais uma vez o personagem J. ao lado do seu companheiro de trabalho K (Tommy Lee Jone e Josh Brolin). Cansado da vida ranzinza de seu companheiro, J. resolve investigá-lo ao mesmo tempo em que um vilão sem graça foge da prisão lunar e volta ao tempo para recuperar seu braço perdido num confronto com K.

Para quem é fã da série, não falta nada - Ação, efeitos especiais e aliens nojentos. O vilãozão Boris de MIB 3 não assusta ninguém e com poucos momentos divertidos, o fio de drama do final é o que se absorve do filme e consegue amarrar o enredo. No mais, uma boa distração. 
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E AÍ, COMEU?



SURUBA DE IDEIAS
Com o excelente argumento de que ‘a conversa de bar virou filme’, E aí, comeu? se mostra uma divertida comédia nacional sobre o amor e o sexo. Sem medir palavras, esta comédia sexista é uma suruba de ideias sobre o universo masculino.

Fernando (Bruno Mazzeo), Afonsinho (Emilio Orciollo Netto) e Honório (Marcos Palmeira) são três amigos que vivem suas diferentes histórias e que todos os dias se encontram no Bar Harmonia para ‘tomar uma’ e trocar ideias sobre seus relacionamentos e angústias sexuais/amorosas.

Fernando não se convence da sua recém-separação enquanto é aliciado por sua vizinha - uma menina de 17 anos nada ingênua; Afonsinho é um escritor boa-vida que nunca consegue terminar de escrever um livro e se apaixona por uma prostituta e Honório é um jornalista machão que desconfia que sua esposa esteja o traindo.

Bruno Mazzeo já havia convencido no ótimo Cilada.com (que inclusive vai ganhar continuação) e, mais uma vez mostra seu ótimo talento para a comédia de situações. Marcos Palmeira e Emilio Orciollo estão bem e completam o trio da testosterona. A direção de arte está ótima, apesar do ‘pouco trabalho’ de representar um bar carioca, onde se passa boa parte das cenas e não poderia deixar de citar a super participação de Katiuscia Canoro– numa das cenas mais baixaria-cômicas do filme.

Adaptação de uma peça teatral de Marcelo Rubens Paiva, E aí, comeu? é um culto ao falo - o Sex and the City às avessas e carioca – mas que deve agradar homens e mulheres com momentos para rir alto e final clichê.
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O CORVO


Edgar Alan Poe foi encontrado delirante no banco de uma praça repetindo continuamente um nome e morreu por causas ainda desconhecidas. Edgar Alan Poe é um personagem real - escritor de literatura gótica e esse fato (ou lenda) inspirou Ben Livingston e Hannah Shakespeare a escreverem O Corvo.

Edgar, interpretado na medida certa por John Cusack, vira personagem e vítima de suas próprias histórias. Na (muita) escura e neblinada cidade de Baltimore, um misterioso assassino começa a cometer crimes baseado nos livros de Edgar. Começa aí o joguinho de pistas com a polícia, onde o principal perito é o próprio escritor. 

Não falta nada para um belo clássico de suspense. Belas sequências de ação, bela fotografia, bela direção de arte, bela direção e uma bela trilha sonora que acompanham todas as nuances do filme que vai de uma cena meio Jogos Mortais à claustrofóbica cena da mocinha Emily (Alice Eve) enterrada viva.

Todo o crédito de O Corvo vai para o roteiro que depois de todo o suspense ainda consegue surpreender no final conseguindo fugir do óbvio. Desafio alguém adivinhar quem é o fanático assassino antes dos quinze minutos finais da sequência. 

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RAUL: O INÍCIO, O FIM E O MEIO




TOCA RAUL!

Enfim, mais de 20 anos depois da morte desse genial cara, Raul Santos Seixas (1945-1989) ganha um documentário à sua altura. Diferente de alguns documentários que perdem a atenção do público por se tornarem chatos, Raul: O início, o fim e o meio se torna um ótimo e indispensável filme não só para quem é fanático pelo Maluco Beleza, mas para qualquer pessoa que já ouviu pelo menos uma de suas músicas. Ou seja, para quase todo brasileiro.

Dirigido por Walter Carvalho, o mesmo diretor de Cazuza: O tempo não para, Raul: O início, o fim e o meio (não necessariamente nesta mesma ordem) narra a trajetória do cantor de forma cronológica: da infância em Salvador e sua idolatria por Elvis Presley à sua morte em São Paulo, vítima de seus vícios em drogas e álcool. O filme é resultado de um trabalho de pesquisa espetacular; mostra-se cartas, objetos, gravações e até desenhos que ele fazia tipo história em quadrinhos na infância. Além disso, tem-se depoimentos de muitas figuras que fizeram parte de sua vida – dos amigos de infância ao dentista que colocou próteses nele perto do fim de sua vida.

Emocionante e divertido, o documentário tem algumas cenas desnecessárias como a câmera acompanhando o caminho até o apartamento que ele morreu e depoimentos como o do dentista das próteses e de uma moça (da qual agora não me recordo o nome) que entra na piscina do Parque Lage com roupa e tudo depois de falar dele. Em contrapartida, Jerry Adriani – outra pessoa importante na vida de Raul não aparece em depoimento. Mas nada disso tira o brillho do filme. Deve ser realmente muito difícil contar a história de um mito, não é? Alguém discorda?

O depoimento de Paulo Coelho é ímpar, onde ele admite sem culpa ter apresentado todas as drogas à Raul; companheiro e parceiro em alguns clássicos, cada fala sua é uma revelação. E não poderia deixar de falar da mosca que o incomoda durante a entrevista; para quem é místico que nem Paulo..., enfim! Outros pontos altos são os depoimentos de suas quatro companheiras que falam nele com um olhar de saudade (menos uma delas – Edith, a primeira esposa) e Caetano Veloso cantando ‘Ouro de Tolo’.

Raul: O início, o fim e o meio traça um panorama geral da vida de um cara que levava tudo ao extremismo, de um mito que até hoje reúne milhares de fãs em São Paulo para comemorar o seu aniversário e de um cara que, segundo o próprio, cantava o ‘raulseixismo’. O pai dos malucos e incentivador da sociedade alternativa. Viva!
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JOHN CARTER



UMA NOVA FRANQUIA?

Os fanáticos pela série Star Wars podem até discordar de mim, mas com a ambientação e as lutas de John Carter: Entre dois mundos, fica inevitável a comparação. Como eu não sou fã de Star Wars, fico com John Carter que tem por trás de tudo isso, uma história simples e uma bela história de amor.

O filme conta a história de John Carter (Taylor Kitsch) que, ao encontrar uma caverna e um misterioso homem com um medalhão, se vê transportado para Marte. Capturado por estranhos seres, logo ele descobre que Marte está para ser dominada e conhece a princesa Dejah Thoris (Lynn Collins) que está prestes a se casar forçadamente com um dos vilões da história influenciado pelo (verdadeiro) vilão Matai Shang (Mark Strong). Na dúvida se deve realmente brigar por uma causa que não lhe pertence, o roteiro vai se desenrolando com várias cenas de ação e surpresas.

No início a história é meio confusa e nada é explicado, mas logo se percebe que isso é um ponto a favor do filme que não enrola; o roteiro segue sempre adiante e no fim tudo se encaixa. Os efeitos especiais são um show e bem utilizados; dos raios e naves aos estranhos seres à la Avatar. Aliás, uma curiosidade: A criação dos seres é da mesma produtora que criou os na’vi – a Legacy Effects. A trilha é ótima e aqui também não poderia deixar de citar a coerência na interpretação e a ótima forma física do protagonista – Taylor Kitsch está uma coisa louca de dois mundos. (ridículo trocadilho - rs)

Apesar da história se mostrar moderna, o filme é baseado no romance A Princesa de Marte’ que foi escrito em 1912 (há cem anos) por Edgar Rice Burroughs – mesmo criador de Tarzan. Ficou o desafio (e muito bem cumprido) para o diretor Andrew Stanton que até então só tinha dirigido filmes de animação (excelentes, por sinal) como Procurando Nemo e Wall-e. Por tudo isso, posso dizer que John Carter: Entre dois mundos é um filme que vale a pena ser visto.
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GUERRA É GUERRA



MAIS DO MESMO

Um filme totalmente previsível. Mais um sobre dois amigos que se apaixonam pela mesma garota. O que tem diferente em Guerra é Guerra... Deixa eu ver... Nada. Não estou dizendo que é um filme ruim, apenas que é mais do mesmo. Mudam-se os atores, coloca um texto engraçadinho e tá tudo certo. Está pronta a fórmula para ganhar uns milhões de dólares de bilheteria.

Reese Witherspoon (tudo bem! também não sei pronunciar esse nome), Chris Pine e Tom Hardy são os protagonistas de Guerra é Guerra que tem a produção de Will Smith. FDR (Chris Pine) e Tuck (Tom Hardy) são mais que uma dupla na CIA; são amigos até conhecerem Lauren (Reese Witherspoon). Enquanto um não passa de um mulherengo, o outro faz a linha pai separado romântico. À medida que vão se apaixonando, a amizade vai enfraquecendo e eles utilizam a inteligência da CIA para tirar vantagem e conquistar definitivamente o coração da loirinha que ficou de escolher um dos dois em uma semana enquanto fica em crise por estar saindo com dois caras ao mesmo tempo ‘sem eles saberem’.

Paralelo a isso, como pano de fundo beeeeeeeeeeeeeem fundo, tem a história de combate à máfia russa que FDR e Tuck estão investigando. Por mim, o filme ficaria até melhor sem isso. O roteiro é de Timothy Dowling e Simon Kinberg; este último é o mesmo roteirista de Sr. e Sra. Smith e quando você assistir (caso vá) vai ver logo as semelhanças.

Apesar do trio queridinho da América protagonizar o filme, as falas mais engraçadas ficam por conta da descolada irmã de Lauren, com suas dicas e lições sobre relacionamentos. Serve como ‘Sessão da Tarde’ e dá pra você dar umas risadinhas. Para encerrar, deixo aqui o meu protesto contra o final do filme.     
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FÚRIA DE TITÃS 2



DEUSES TAMBÉM MORREM


Depois do mal sucedido Fúria de Titãs, esperava-se que o segundo filme não fosse vir tão cedo, mas... dois anos depois do primeiro, Fúria de Titãs 2 veio com a nova direção de Jonathan Liebesman para tentar agradar.

Dessa vez, na interessante cultura mitológica, o semideus Perseu (Sam Worthington) filho de Zeus (Liam Neeson) tenta levar uma vida normal de pescador ao lado de seu filho Helius. Zeus tenta alertá-lo que um perigo iminente, mas o mesmo se recusa a lutar até descobrir que Zeus foi capturado pelo próprio filho Ares (Édgar Ramírez)o deus da guerra (logicamente, irmão de Perseu) e por Hades (Ralph Fiennes). O plano é roubar a força de Zeus e ressuscitar o deus Cronos que depois aparece gigantemente no melhor estilo vilão de Power Rangers. Para impedir a destruição do mundo, Perseu reúne a Rainha Andrômeda (Rosamund Pike), o também semideus Argenor (Toby Kebbell)filho de Poseidon e o Deus caído Hefesto (Bill Nighy).

À procura de Zeus, os personagens parecem personagens de videogame tendo que enfrentar labirintos e alguns monstros, como os ciclopes e Minotauro. Não se sabe porque a rainha Andrômeda foi junto enquanto Argenor também foi para fazer piadinhas (sem graça) e levar descontração para a difícil missão de salvar o mundo. Péssimo! Apesar disso, Perseu protagoniza algumas boas cenas de ação que, com os efeitos especiais e o uso do 3D, conseguem prender um pouco a atenção do espectador.

Os atores não se destacam e o roteiro assinado por Dan Mazeau e David Johnson tem uma história fraca e cheia de buracos. Se não fosse o 3D eu até diria que Fúria de Titãs 2 é um filme desprezível.
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