GONZAGA - DE PAI PRA FILHO



VER, OUVIR E SE EMOCIONAR

Amo filmes que envolvem música, ainda mais quando se une com uma história rica e fantástica de um homem brilhante como Luiz Gonzaga - (Comecei logo com um monte de adjetivos – rs). Roteiro de Patrícia Andrade e direção de Breno Silveira – a mesma dupla do elogiadíssimo Dois filhos de Francisco, Gonzaga – de pai pra filho é mais que uma cinebiografia sobre o Rei do Baião. O filme conta a conturbada relação entre Luiz Gonzaga e seu filho Gonzaguinha.

Tudo começa a partir de uma gravação real onde Gonzaguinha entrevista seu pai e o mesmo começa a contar toda a sua história – um acerto de contas até então nunca divulgado. Luiz Gonzaga é filho de sanfoneiro e apaixonado pela filha de um coronel; um amor impossível e, para manter-se vivo foge de Exu (sua cidadezinha) e alista-se no exército por onde fica por mais de 10 anos – ia para as revoluções, mas nunca deu um tiro sequer. Curiosidades como essas são desvendadas através de cenas bem encaixadas, fotos e vídeos reais numa narrativa compassada e bem humorada do protagonista.

Quando Gongaza redescobre a música, ele começa a tocar valsas e tangos pelas ruas do Rio de Janeiro com sua sanfona para sobreviver até perceber que o povo queria algo diferente; mais animado. É aí que ele volta às suas origens nordestinas, começa a fazer sucesso, se casa, tem um filho e fica viúvo. Sempre com a agenda lotada de compromissos, Gonzagão quase não vê o filho que vai crescendo revoltado num subúrbio carioca na casa dos amigos de seu pai. Tudo é mostrado de forma muito didática, só fica mesmo a dúvida se houve traição ou não por parte da mãe de seu filho. É daí que surge o drama familiar – não se sabe se Gonzaguinha é realmente filho carnal de Luiz Gonzaga.

O elenco, em sua maioria amadores, dão show de naturalidade, deixando a história mais convincente. A fotografia e a direção de arte apresentam muito bem as diferentes épocas pelos quais passa a sequência. Aliás, fotografia em filme de sertão é quase sempre espetacular, hein?

Mostrando como o Nordeste encanta e sensibiliza o Brasil, este filme é cheio de histórias e surpresas que você nem sente o tempo passar. A exemplo de Abril despedaçado e O Auto da Compadecida, os meus filmes nacionais prediletos acontecem neste lindo e sofrível cenário sertanejo. Gonzaga é uma bela homenagem necessária que precisa ser vista em tela grande para acompanhar a grandeza do personagem. Saí da sala de cinema cantando e muito feliz. Gonzaga – de pai pra filho é para chorar ‘de emoções’ e entrou para a minha lista de filmes favoritos.

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